Acidente com animais peçonhentos foi incluído pela OMS na lista de doenças tropicais negligenciadas. Foto: Toninho Tavares/ Agência Brasília.
Em 2018, ocorreram mais de 265 mil acidentes com animais peçonhentos em todo o Brasil. Os dados são os mais recentes de uma série histórica feita pelo Ministério da Saúde. Apesar de os óbitos representarem um percentual pequeno (0,1% dos casos), picadas de serpentes, aranhas e escorpiões podem causar muito desconforto e até ocasionar quadros clínicos graves.
Por isso, prever as situações de risco em casa e no trabalho é fundamental para evitar a ocorrência de acidentes.
Mas você sabe o que é um animal peçonhento?
Chamam-se animais peçonhentos aqueles que produzem veneno (peçonha). As características naturais dessas espécies as tornam capazes de injetar o veneno em suas presas ou predadores, por meio de dentes, ferrões ou cerdas urticantes.
No Brasil, segundo os dados do Ministério da Saúde, as maiores incidências de acidentes com animais peçonhentos, envolvem serpentes, escorpiões, aranhas, lagartas e abelhas. Mas outros também são classificados como venenosos, tais como formigas, lacraias, vespas, mariposas, alguns besouros e águas vivas.
O envenenamento por esses animais pode causar fortes dores, outros sintomas, sequelas e, a depender da espécie, até a morte, se o socorro não for imediato. No município de Nobres, em Mato Grosso, no mês de agosto, uma jovem sobreviveu à picada de uma jararaca, mas ficou internada na UTI por 9 dias.
O veneno dessa espécie de serpente pode causar sangramentos no ponto da picada, nas gengivas, na pele e na urina, além de manchas arroxeadas. As complicações do quadro envolvem hemorragia em regiões vitais, insuficiência renal, infecção e necrose na área picada.
Acidente com animais peçonhentos foi incluído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista de doenças tropicais negligenciadas, cujas vítimas, na maioria das vezes, são populações pobres que vivem nas áreas rurais.
Muitos desses animais são pequenos e costumam se esconder em locais escuros para se protegerem. Acúmulo de entulho ou lixo e regiões de mata são considerados locais vulneráveis a esse tipo de acidente, onde os cuidados devem ser redobrados.
Por isso, algumas medidas, segundo o Ministério da Saúde, podem reduzir o risco de uma ocorrência:
- usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem;
- examinar calçados e roupas pessoais e cama antes de usá-los;
- afastar camas das paredes e evitar pendurar roupas fora de armários;
- não acumular lixo, entulhos e materiais de construção;
- limpar regularmente móveis, cortinas, quadros, cantos de parede;
- vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés;
- manter limpos os locais próximos das casas, jardins e quintais;
- evitar plantas trepadeiras e bananeiras próximas a casa. Manter a grama sempre cortada;
- limpar terrenos baldios próximos a sua casa.
As orientações aos trabalhadores que atuam em situações de risco são:
- Usar os equipamentos de proteção individual (EPI), sobretudo luvas e botas. Atenção na hora de manusear materiais de construção, fazer limpeza e movimentar móveis;
- Olhar sempre com atenção o local de trabalho e os caminhos a percorrer;
- Não colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, montes de lenha ou entre pedras; mexer nesses locais apenas com ferramentas longas.
Em caso de acidente, em hipótese alguma faça torniquete, chupe ou perfure o local da picada. Procure o mais rápido possível um médico, pois o atendimento imediato evita o agravamento do quadro. Se possível e se for seguro, leve o animal ou fotos para que o profissional faça o reconhecimento da espécie.