O atropelamento de animais nas rodovias brasileiras é uma das principais causas de mortalidade da fauna silvestre, superando a caça predatória e o tráfego de animais. É também a segunda maior causa da perda de biodiversidade. Inúmeras espécies acabam atraídas por uma eventual oferta de alimentos se deparam com vias de circulação de veículos. Para algumas, as vias funcionam como barreira e se afastam. Para outras tantas, essa barreira é um obstáculo que pode ser fatal.
O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) é uma das principais vítimas do processo de urbanização no Cerrado, típico no Centro Oeste. Nos últimos 35 anos, o bioma teve metade de seu território convertido em áreas agropecuárias, afetando o habitat natural de várias espécies. Anfíbios, répteis, aves e pequenos mamíferos também são alvos fáceis de atropelamento.
Na fase de construção do Contorno Rodoviário de Barra do Garças, o Programa de Monitoramento de Fauna Atropelada busca verificar quais espécies são atingidas e analisar os dados obtidos nas campanhas de campo, para que, caso se façam necessárias, sejam propostas medidas para diminuir o problema.
O programa indica os grupos mais suscetíveis, classificando-os por espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção. O monitoramento mensal ajuda a identificar os locais de maior ocorrência de acidentes rodoviários que causam atropelamentos, o que permite definir ações para que isso não aconteça, ou aconteça o menos possível.
Apesar de manter registro de espécies atropeladas em outros monitoramentos (maioria anfíbios e aves), na última campanha, não houve atropelamentos, o que tem um grande impacto positivo. Apenas foram apontadas travessias de animais silvestres, registrando 33 animais de 10 espécies, duas em passagem pelo trecho em obras.